sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Os pregadores que o povo gosta!

Pode notar: em diversas denominações pentecostais, um certo tipo de pregador sempre conquista a admiração de uma parcela considerável dos fiéis. E, por incrível que pareça, não falo dos que prometem carro novo, casa própria ou prosperidade financeira, e sim dos chamados pregadores de “doutrina”. Mas, não é bem isso o que eles ensinam: na verdade, eles pregam as normas institucionais, os usos e costumes de suas respectivas igrejas como se fossem “doutrina”, ao invés daquilo que é essencial à salvação, ou seja, o Evangelho.


Comecei a perceber isto analisando alguns “ungidões” que eu conheço e outros que já conheci, daquele tipo que os incautos chamam de “jesus purinho”. E o que eles pregam? Regras sobre cabelos, roupas, barba, “vaidades”, bebidas, além de muito chicote nos filhos pródigos. Enfim, tudo se resume a exterioridades, ao conhecido desprezo pelos que pecam e ao ódio pelos que desfrutam a sua liberdade cristã sem se importarem com a opinião deles.

Estes pregadores dão prazer aos legalistas, aqueles que colocam suas regras no lugar da Graça, o favor imerecido. Eles fazem com que este tipo de crente se sinta confiante de que está fazendo a coisa certa. Estes homens passam por “corajosos”, “rígidos”, defensores da “sã doutrina”, porém as suas pregações não contém uma linha sequer de Evangelho. Tudo o que ensinam é a subserviência ao sistema religioso formal em que vivem. Todavia, os religiosos amam aquilo tudo. E, ainda que o sermão os atinja, eles gostam. São masoquistas espirituais.

Aliás, desse tipo de pregador até o diabo gosta, porque enquanto ele está pregando sobre santidade exterior, ele não prega sobre conversão, que é um processo interior; enquanto ele está pregando sobre onde ir, o que comer e o que vestir, ele não prega sobre o amor, sobre o perdão e sobre a fé; enquanto ele está pregando sobre como parecer um crente, ele não prega sobre como ser sal da terra e luz do mundo. Ou seja, o diabo agradece, pois sabe que o sujeito está desviando a atenção dos fiéis das coisas que realmente importam à salvação.

Ao mesmo tempo em que o pregador ataca os que não se encaixam no estereótipo da igreja, ele massageia o ego daqueles que o Evangelho condena: os juízes da vida alheia, os não misericordiosos, os caluniadores, os bajuladores, os rancorosos etc. Por isso, quanto mais enferma espiritualmente uma igreja se encontra, mais sucesso fazem os “durões” dos púlpitos. Uma igreja sadia não dá “glória” vendo alguém ensinar doutrinas humanas no lugar da Palavra de Deus. Entretanto, estes pregadores falam o que eles sabem que a sua platéia gosta de ouvir. Afinal, eles são os pregadores que o povo gosta!