sábado, 4 de novembro de 2017

Nepotismo: a Igreja sequestrada

Neste post vamos tratar da prática do nepotismo. Para quem não sabe, no âmbito denominacional, o termo se refere à colocação de parentes e amigos em ministérios e outros cargos importantes da igreja. O nepotismo é errado porque é contrário à direção do Espírito Santo sobre quem deve ser colocado no ministério, porque tira a oportunidade de pessoas mais qualificadas desenvolverem seus talentos e porque diminui a isenção do ministério local no tocante às suas decisões colegiadas.


Se nós cremos que o Espírito Santo é quem qualifica o indivíduo para ser usado na Obra, e que também é Ele quem faz saber aos irmãos aqueles que devem ser colocados no ministério, então precisamos concordar que o nepotismo quebra este processo. O operar de Deus na vida de cada um é singular e sigiloso: Deus vai preparando um indivíduo, moldando o seu caráter, revestindo-o dos seus dons, transformando-o na pessoa certa para estar à frente de uma congregação. Agora pense: depois de tudo isso, na hora de escolher um obreiro o trabalhar de Deus é deixado de lado para que a vontade de um homem prevaleça...

A Palavra de Deus nos diz que “se alguém deseja ser bispo, deseja uma nobre função” (1 Timóteo 3:1). Pessoas assim passam a vida estudando as Escrituras, dedicando-se à oração, procurando viver o Evangelho na sua integralidade, preparando-se para o dia de serem usadas por Deus. Entretanto, existem também os solícitos, que são os que desejam títulos eclesiásticos por orgulho e vaidade. Estes geralmente são bajuladores que vivem grudados em pessoas da “alta esfera”, buscando granjear a simpatia deles para serem indicados para algum cargo. O triste é que a prática do nepotismo favorece exatamente este tipo de indivíduo.

Além disso, o problema de termos um ministério local composto majoritariamente na base do nepotismo é que ele deixa muito a desejar em termos de isenção ao julgar qualquer caso, pois o que um decidir a maioria assina embaixo, visto se tratarem em sua maioria de parentes e amigos. Numa congregação onde isto ocorre, a igreja se sente sequestrada, não tendo a quem recorrer (só a Deus mesmo). Diante de tal quadro, a irmandade começa a murmurar e a obra de Deus não vai bem. O ministério se torna um clube fechado e perde a confiança dos fiéis.

Enfim, nós não estamos mais no tempo do Antigo Testamento, onde o sacerdócio pertencia apenas a uma família (a de Levi, conforme Êxodo 28.1-11). Estamos no tempo da Graça, onde todos são feitos Reis e Sacerdotes para o nosso Deus (Apocalipse 5:10). Portanto, supostas “promessas” de "sacerdócio familiar" nos moldes veterotestamentários são altamente questionáveis. Quanto aos familiares de irmãos do ministério que verdadeiramente possuem vocação ministerial, eles devem lembrar que “a seara é grande, mas poucos são os ceifeiros” (Mateus 9:37) e que, portanto, nada mais justo do que eles procurarem seus próprios campos de trabalho, ao invés de se aglomerarem todos numa mesma igreja ou região.