quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Como temos tratado os anjos que Deus tem enviado em nosso meio?

Anjos são mensageiros, são trabalhadores a serviço de Deus. Na Bíblia vemos a ocorrência da palavra “anjo” referindo-se a estes seres espirituais, assim como a expressão “Anjo do SENHOR”, que significa uma manifestação corpórea do próprio Deus.

Contudo, além destes, temos aqueles que são usados por Deus na função de anjos: são pessoas de carne e osso, sem nada “sobrenatural” em suas aparências ou ações, mas que servem para tirar indivíduos de maus caminhos, aconselhar, pôr remédio nas feridas, zelar por alguém ou, em determinados casos, testar o que há dentro de nós...


Certa vez Jesus disse: “então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver [...] Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mateus 25:34-36, 40).

Ali Jesus nos ensinou que Deus também se faz semelhante a famintos, sedentos, peregrinos, miseráveis, enfermos e a prisioneiros. É como lemos em Isaías 57:15: num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos. Observemos ainda o que diz Hebreus 13:2: não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos.

Diante desta breve exposição, eu gostaria de fazer aos nossos queridos leitores a seguinte pergunta: como é que nós, enquanto Igreja, temos tratado os anjos que Deus tem enviado em nosso meio? Não falo dos anjos celestes que alguns pregadores dizem ver durante os cultos, e sim dos anjos terrestres que nós enxergamos muito bem com os nossos olhos carnais. Aqueles que muitas vezes entram em nossas congregações sujos, malcheirosos, com vestes inapropriadas, pedindo um lugar para sentar e nós lhes apontamos o caminho da rua...

Alguém já parou para pensar que um bêbado ou um mendigo, por exemplo, pode estar sendo usado por Deus para testar o nosso amor? Que deveríamos encarar estas situações como oportunidades graciosas que Deus nos dá para praticarmos a caridade? Mas não: nós nos consideramos bons demais para sentarmos perto de qualquer pessoa que esteja à margem da sociedade. Todavia, era exatamente com esse tipo de pessoa que Jesus andava... Amados, tenhamos muito claro que Deus não nos chamou à indiferença, pois os indiferentes não amam.

Devemos clamar muito mais a Deus pelo dom do amor, pois quem ama tem “olhos para ver” anjos onde outros só veem trapos humanos; tem olhos para ver almas sedentas das Águas Vivas onde outros só veem “samaritanas”; tem olhos para ver filhos pródigos arrependidos onde outros só veem “pecadores que não merecem mais a misericórdia de Deus”; tem olhos para ver peças-chaves nos planos divinos onde outros só veem “Raabes”; tem olhos para ver Jesus em qualquer um que necessite de um gesto de amor fraterno.

Precisamos parar de querer ver “anjos de branco” fazendo acrobacias dentro dos templos e começar a enxergar anjos nos pobres, marginalizados, alcoólatras e maltrapilhos que Deus, em sua extrema bondade, ainda nos faz o favor de trazer até o conforto das nossas congregações. Tratemos a eles com amor, pois de desprezo, maus-tratos e zombaria estas pessoas já estão cheias. Cuidemos deles como se estivéssemos cuidando de anjos. Um dia — bendito seja o Eterno! — poderemos reencontrá-los na Glória de Deus, tão verdadeiramente anjos quanto qualquer um de nós...