É até engraçado, mas um fato que às vezes incomoda alguns casais cristãos é o de que não haverá casamentos no céu. Sabemos disso porque o próprio Senhor Jesus, respondendo a alguns saduceus, disse: “mas os que são julgados dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem se casam nem se dão em casamento” (Lucas 20:35).
E por que isso? A resposta vem no versículo seguinte: “porque já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição”. Muitos prestam atenção à parte que diz que seremos iguais aos anjos, mas eu particularmente entendo que mais importante é o que é dito antes: “porque já não podem mais morrer”...
Note que o casamento foi criado por Deus para que homens e mulheres (que são obviamente mortais) suscitassem descendência, não vindo assim a espécie humana a se extinguir. Ora, se no mundo futuro seremos imortais, então a procriação se torna desnecessária. Melhor do que discutir o “sexo dos anjos” é analisarmos o por quê de nós, “futuros ex-humanos” , não precisarmos mais nos relacionar uns com os outros como na vida presente.
Entretanto, nem tudo é tão “dramático”: se por um lado o Evangelho deixa claro que não nos casaremos no céu, por outro, temos bons motivos para crer que ao menos ainda nos reconheceremos. Na própria narrativa que estamos examinando (Lucas 20: 27-40), Jesus diz: “mas que os mortos hão de ressurgir, o próprio Moisés o mostrou, na passagem a respeito da sarça, quando chama ao Senhor; Deus de Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de Jacó. Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele todos vivem” (vv 37,38).
Além deste, vários outros trechos do Novo Testamento nos dão a entender que, mesmo indo aos céus, as pessoas não perdem a identidade que possuíam na Terra. Por exemplo: “e eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias” (Mateus 17:3,4). Moisés e Elias, aparentemente, não sublimaram à condição de “seres angelicais irreconhecíveis”...
Temos ainda a parábola do rico e do Lázaro (Lucas 16:19-31), na qual podemos ler: “e no inferno, [o rico] ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio” (Lucas 16:23). Também ali, notamos que, apesar de um ter indo ao inferno e o outro ao paraíso, ambos se reconheceram, e Abraão continuava a ser Abraão.
Assim sendo, tudo nos leva a crer que no céu, apesar de recebermos um corpo glorificado, ainda conseguiremos reconhecer uns aos outros. Lá não haverá casamentos, porém, as pessoas que se amaram aqui na Terra, por certo um dia se reencontrarão...
Salmos 119:105
"Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho."
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