segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Como Jesus trataria hoje um adúltero e seus apedrejadores?

- Pecou!

- Tens certeza?

- Sim, foi apanhado no próprio ato.

- Tragam aqui o pecador. Vamos excluí-lo da Igreja.

- Aqui está.

- Tu, o que dizes? Tens algo a dizer em teu favor?

- Caí em pecado, reconheço hoje minhas misérias perante Deus! Sou pecador, e não há nada que eu possa fazer para mudar isto...

- Sendo assim, a partir de agora não tens mais comunhão com a Igreja. Sabes que não somos nós que estamos te condenando, pois é a própria Bíblia quem diz que “a alma que pecar esta morrerá”, e que “ao adúltero Deus o julgará”. Portanto, só Deus é que vai dizer, no último dia, se tu fostes perdoado ou não. Ninguém pode te impedir de entrar aqui, pois as portas ficam abertas, todavia, humilha-te e aceita o teu lugar. Quem sabe assim um dia Deus tenha misericórdia de ti.

















- A paz seja convosco!

- Quem és tu? Não fazes parte deste conselho, quem autorizou tua entrada?

- Ouvi muitas vezes o meu nome ser pronunciado em vão neste lugar, por isso entrei. Vi ainda um homem ser condenado por muitos sem que houvesse quem o defendesse, por isso vim saber com qual autoridade este tribunal sentencia uns à vida e outros à morte.

- Não estamos entendendo, conheces este pecador?

- Eu o conheço muito bem, assim como a cada um de vós. Porventura não está escrito que Deus tudo sabe e tudo vê? Como, portanto, poderíeis ocultar de mim os vossos próprios pecados enquanto julgais os pecados alheios? Não deveríeis primeiro tirar a trave dos vossos olhos para só depois tirar o cisco dos olhos dos outros?

- Quem é este rebelde que murmura contra os Servos de Deus?! Tirem-no daqui!

- De que serviria tirarem-me daqui, se não poderíeis tirar das vossas próprias consciências o peso das injustiças que cometeis contra o pobre, contra a viúva e contra o desprezado no meio do povo? Ou acaso pensais que Deus não vê que usais de misericórdia para com os vossos amigos, mas reservais o rigor da doutrina para aqueles que aborreceis?

- Mas este homem foi pego no próprio ato, adulterando! Não é correto, de acordo com a própria Palavra, que o afastemos da comunhão da Igreja? Porventura não feriu ele os mandamentos de Deus?

- E porventura não feris também vós o mandamento que foi dado àquela mulher apanhada em adultério, quando a ela foi dito: “vai, e não peques mais”? E porventura também na própria Palavra não encontrais escrito que “misericórdia quero, e não sacrifício”? E não lestes ainda que “a misericórdia prevalece no juízo”? Deveríeis, pois, usar as Escrituras para ensinar este homem, de modo que compreendesse a gravidade do seu erro. Deveríeis ainda admoestá-lo em amor a se arrepender do seu pecado, para que não viesse a morrer nele, e apenas depois disso o deixaríeis algum tempo só, para que o Espírito Santo trabalhasse em seu coração e o convertesse do seu mau caminho. Todavia, não é isto o que fazeis, mas tomais o lugar de Deus, julgando e condenando antecipadamente o pecador ao inferno, arrancando-lhe as esperanças e tirando-lhe as poucas forças que teria para caminhar. Ao invés de ampará-lo, o empurrais ainda mais rapidamente para o abismo, de sorte que vos tornais co-responsáveis pela morte de muitos e acumulais sobre vós pesado juízo.

Diante disto, um a um foram deixando o local, começando pelos mais velhos. Restaram ali somente um pecador arrependido acompanhado pela certeza do perdão divino.

Hoje tu és chamado de “pecador”, de “morto espiritual”, e és desprezado por aqueles que outrora te saudavam e batiam nas tuas costas. Hoje tu experimentas o gosto amargo da humilhação e percebes que o “amor” de muitos dos teus antigos “irmãos” era falso: eles só te amavam enquanto procedias como eles. Porquanto caístes, descobristes que não havia nenhum bom samaritano ao teu redor, somente religiosos sem misericórdia.

Contudo, se houver um desejo sincero no teu coração de te reconciliar com Deus, o Senhor fará desaparecer de diante de ti os teus acusadores e te dará uma nova oportunidade para servir a Ele na Terra. Somente entrega os teus caminhos ao Senhor e tenha coragem de voltar ao lar paternal, pois o Pai te receberá de braços abertos.

Talvez os teus “irmãos mais velhos”, que nunca saíram da casa do Pai, fiquem possessos por um ódio diabólico, disfarçado de “zelo pela casa do Senhor”, ao verem o teu retorno, mas o Pai fará uma festa em tua homenagem, te dará novas vestes e te honrará como o filho amado que tu sempre fostes.