terça-feira, 3 de outubro de 2017

Poemas românticos na Bíblia? E qual é o problema?

Raras vezes ouvimos pregações baseadas em Cantares de Salomão e, quando ouvimos, invariavelmente os pregadores tentam “espiritualizar” o livro, dizendo que se trata de uma metáfora da relação entre Cristo e a Igreja, e não o que ele realmente é: uma pequena coleção de poemas românticos.

E o que há de errado em a Bíblia conter um livro falando sobre o amor de um marido por sua esposa e de uma esposa por seu marido? Acaso não foi o próprio Deus quem inventou o casamento, e ele não acontece justamente entre um homem e uma mulher que se amam?...

Esta interpretação do livro de Cantares decorre da incapacidade de muitos crentes em lidar com sua própria sexualidade, como se o fato de os homens (naturalmente) admirarem o corpo feminino e vice-versa fosse algum “pecado”. Ora, pecado é cobiçar aquilo que não lhe diz respeito. Pecado são também as relações que não possuem legitimidade perante Deus. Tirando esses casos, a vivência da sexualidade não constitui falta alguma!

Do nosso ponto de vista, Cantares de Salomão é um belo livro que exalta o amor romântico, o casamento e todas as coisas boas de se amar alguém que plenamente lhe corresponde. Não há nada nele, em sua leitura literal, que fira os propósitos de Deus para homens e mulheres enquanto tais, não havendo, portanto, qualquer necessidade de forçarmos uma interpretação mais “espiritual” do seu conteúdo.