Eu quero virar um velho, mas um daqueles velhinhos maravilhosos, sabe? Daquele tipo que todo mundo gostaria que fosse seu próprio avô. Um velho amigo, não um velho juiz.
Eu quero virar um velho, mas um velho menino aos olhos do Senhor. Desejo que a minha meninice seja inversamente proporcional à minha idade, e que os anos perdidos de minha velhice precoce sejam compensados pela minha criancice tardia.
Eu quero virar um velho, mas ousado no Espírito como um jovem guerreiro. Quero terminar pelejando, não descansando. Quero enxergar como nunca, ainda que meus olhos já não vejam. Desejo que no dia em que eu me for, os espíritos confessem que perderam mais uma.
Eu quero virar um velho, mas um daqueles velhinhos que amam a vida e não se cansaram dela, por mais que a própria existência tenha tentado fazê-los desistir de sonhar. Quero ter em meu rosto a simplicidade dos recém-chegados e no coração a sabedoria dos que já estão há muito tempo.
Eu quero virar um velho, mas cheio de amor, ao invés de amargura. Quero inspirar os jovens, brincar com os meninos e causar raiva nos velhos chatos com a minha alegria de viver. Quero agradar a Deus como um filho que finalmente percebeu o quanto o Pai sempre o amou.
Eu quero virar um velho!
